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m julho de 2015, a Confederação Internacional dos Bruxos recebeu uma mensagem enviada por uma pessoa anônima revelando um galpão próximo ao Rio Tamisa, que servia como abrigo de uma feira voltada pra venda de materiais proibidos pelo Ministério da Magia. Era possível encontrar de objetos ligados a magia negra a ovos e filhotes de criaturas perigosas, como o Nundu. Tudo isso próximo ao Ministério da Magia, o que fez o órgão esconder sua existência por anos da população bruxa, mesmo após sua destruição no mesmo ano.
Seria uma ótima notícia a ser anunciada; Isso se mais da metade dos vendedores clandestinos não tivesse escapado dos aurores durante a operação e se espalhado como um vírus, ganhando força a cada ano que passava. 
Hoje em dia, estima-se que ao menos dez feiras clandestinas funcionem a todo vapor na Inglaterra, mas nenhuma é tão famosa, e tão difícil de ser encontrada, tornando-se quase uma lenda no underground londrino, como a Desordem da Fênix, ou, “DDF”.
O nome, que faz um trocadilho com a famosa “Ordem da Fênix”, pode parecer até engraçadinho, mas a feira tem dado um trabalho para vários Departamentos do Ministério, principalmente o de Mistérios por causa da venda de profecias, roubadas sabe-se lá como do Hall das Profecias, uma suporta sala existente nesse Departamento, que abrigaria todas as profecias da história da humanidade.
Além do trocadilho, o nome veio do fato da feira mudar de posições várias e várias vezes, renascendo como Fênix. Hoje em dia, isso não é mais exclusividade da DDF; outras feiras vêm seguindo seu exemplo, dificultando a caçada dos aurores por esses estabelecimentos ilegais.
No final de Fevereiro de 2018, fui convidado pelo Pasquim para escrever uma coluna falando sobre o mercado negro. Cresci no subúrbio de Londres, onde ter contato com traficantes e contrabandistas é extremamente comum. Pode ser aquele seu amigo que estudou na escola com você; aquele seu vizinho que te chamava pro churrasco aos domingos; ou, até o carteiro que de um dia pro outro parou de entregar cartas na sua casa. Mesmo que você não esteja nem um pouco interessado nos produtos desses caras, quando se mora no subúrbio, você sabe muito bem onde encontrá-los. E foi encontrando um desses caras, que pude encontrar a DDF.
“M”, um bruxo de 36 anos, trabalhava como marceneiro no Beco Diagonal, até ser demitido quando a crise de 2012 chegou ao Mundo Bruxo, fazendo mais de vinte mil bruxos perderem seus empregos em toda Grã Bretanha. Ficamos amigos após nos conhecermos no Caldeirão Furado, nas nossas diversas idas ao estabelecimento após o trabalho. Eu trabalhava na BB Cream.
Certo dia, durante nossa última conversa dentro do Caldeirão após sermos demitidos coincidentemente no mesmo dia, ele revelou que estava tranquilo com sua demissão, pois sua vida já estava “feita”. Eu, curioso, perguntei “como”, se ele havia ganhado poucos galeões após sua demissão. Foi aí que M explicou de tal feira que estava sendo criada para venda de produtos “diferentes”, trazendo muita fortuna aos seus vendedores. Isso bastou para que, mesmo sem saber da ideia, M pulasse para dentro do negócio. Três anos depois, essa mesma feira seria destruída pelos aurores. 
Após o fim da feira, ele partiu para outra; e depois outra; e depois outra. Mas, todas as feiras anteriores cometeram o erro de permanecer no mesmo lugar, tornando a movimentação próxima ao local, suspeita. Foi então que M encontrou a DDF, aonde vem “trabalhando” desde o segundo semestre de 2017.
Numa manhã no inicio de abril de 2018, encontrei “M” no café Monmouth, na rua de mesmo nome no centro de Londres. Ele vestia um casaco preto com capuz e usava óculos escuros mesmo sem sol, como se não quisesse ser identificado facilmente por outras pessoas além de mim. Eu estava confortável dentro do meu casaco cinza sem capuz e sem óculos na cara. Conversamos por um bom tempo e depois de duas xícaras de café e uma fatia de bolo de limão, M resolveu iniciar nosso tour ao mundo invertido dos negócios britânicos. Eu estava ansioso, mesmo sabendo que estar naquele lugar era arriscado e prejudicial para qualquer psicológico de pessoas de bom senso. Sabia também que não poderia lutar contra ou questionar as coisas que veria naquele local. 
Aparatamos num beco sem saída, provavelmente ainda no centro de Londres e caminhamos até uma lixeira grande e enferrujada. Ainda tinha cascas de tinta verde de uns lados e uma caveira desenhada com spray de grafiteiro. Ele abriu a lixeira e subiu, pedindo para que eu fizesse o mesmo. Pude ver que ele estava sobre uma escada que levava até o fundo da lixeira, porém, do lado de fora não dava para perceber o quão funda ela era. Aquele objeto estava enfeitiçado com um feitiço de expansão. Assim que ele desocupou os primeiros degraus, eu desci com ele, podendo ver o quão grande era o interior da lixeira. A única coisa que havia no fundo era uma porta azul. Ele bateu quatro vezes. E ela abriu.

[CONTINUA NA PRÓXIMA EDIÇÃO]

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